Helena Flores
Fotografia
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A saudade que elas levam ao peito é minha também

Category:
Caxinas, Luto, mulheres, náufragos, Vila do Conde

Date:
08/09/2014

Client:
Bind'ó Peixe - Associação Cultural

Estes continuam a ser os meus retratos favoritos. Mulheres que cresceram na mesma praia que eu, e que eu vi, sempre, carregando, no luto, os seus mortos ao peito. Comecei a fotografá-las durante o curso de fotografia, no IPF, inspirada numa pequena série do meu conterrâneo e enorme fotógrafo Nelson D’Aires, que se interessou, também, por estes medalhões. E em 2014, desafiada pela Margarida Ribeiro, então dirigente da Bind’ó Peixe – Associação Cultural, alarguei o projecto, a que dei o nome Saudade Levada ao Peito, até encontrar 18 mulheres disponíveis para verem os seus rostos expostos em plena rua, em Caxinas. Guardo esse momento, o da inauguração daquela que foi a minha primeira exposição, com uma enorme alegria. As pessoas que elas trazem consigo, umas diariamente, outras em dias mais solenes, pertencem-nos. Afinal, como escreveu o Abel Coentrão, no texto que acompanhava essa exposição, “o que é o luto, se não a exposição de uma relação que ultrapassa a morte?”.  Como ele, acredito que “se carregado de sentido, o luto é uma forma de dizer eu amava. Mais, é uma forma dizer eu amo, pois, como lemos, ambos, numa crónica de um amigo comum, o escritor Valter Hugo Mãe, “na morte há sempre uma celebração a fazer: a de nos constituirmos como memória daqueles que morrem e sermos ainda uma manifestação das suas vidas”. É isso que fazem estas mulheres, ao levarem no peito os rostos de pais, maridos, filhos ou netos que partiram. Lançam uma âncora que, assim presa ao seu corpo vivo, impede os seus mortos de desaparecerem na deriva do esquecimento.

A exposição que produzimos a partir destas fotografias esteve, em 2016, na Galeria Geraldes da Silva, no Porto, e já em 2019 foi um dos três projectos que expus, em simultâneo, no Teatro Municipal de Vila do Conde. Os enormes panos, com os retratos delas, aguardam, agora, outro sítio onde possam interpelar quem passa.

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