Helena Flores
Fotografia
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Sobre Expostos

Category:
Abandono, História, Infância

Client:
Personal

À luz do nosso olhar social contemporâneo, o fenómeno da exposição de crianças parece inimaginável e, ao mesmo tempo, perdido no tempo, Mas larguemos a nossa perspectiva e centremo-nos no contexto social entre o final do séc. XVII e inicio do séc. XX. Numa sociedade imersa em profunda pobreza, numa moral cristã austera mas também num modelo conceptual de infância bem diferente do que hoje vivemos, estavam reunidas as condições para a naturalização do fenómeno de entrega nos bebés nas Casas da Roda. Para os pais, a expectativa seria conseguir melhores condições de vida para os filhos, ou para outros a forma libertarem-se da prova de relações ilícitas, moral e socialmente condenáveis.

O surgimento destes mecanismos para abandono de crianças sob anonimato dos pais reflete a preocupação dos governantes face à elevada quantidade de infanticídios e abandonos em locais perigosos. Os bebés eram deixados à porta de igrejas, conventos, ou da casa de particulares. Não poucas vezes eram atacados por cães ou eram vítimas de hipotermia, dada a pouca roupa que tinham vestida. Assim, a Roda permitiu salvar muitas crianças embora vivesse de braço dado com elevadas taxas de mortalidade, que rondavam os 70%. Para muitos sobreviventes, o destino seguiria de mãos dadas com o estigma, talvez até aos dias de hoje.

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